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SABEDORIA POPULAR

Este blog pretende apenas contar histórias de lá e de cá. De tu, de mim, de nós! Não tem ambições...apenas desejos de encontro!

SABEDORIA POPULAR

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31.03.11

Sobre José Malhoa


Belisa Vaio

Fiquei emocionada que nossa amiga Bete nos tenha falado, do outro lado do mar, do grande pintor português José Malhoa.

Foi dito o essencial e a mim resta-me deixar aqui imagens de dois dos seus quadros.

E, nada melhor que rematar com o Fado Malhoa, bela homenagem ao grande pintor, cantado por Amália Rodrigues! 

 

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"Promessas"

 

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"O Fado"

 

 

 

 

Alguém que Deus já lá tem
Pintor consagrado,
Que foi bem grande
E nos fez já ser do passado,
Pintou numa tela
Com arte e com vida
A trova mais bela
Da terra mais querida.

Subiu a um quarto que viu
A luz do petróleo
E fez o mais português
Dos quadros a óleo
Um Zé de Samarra
Com a amante a seu lado
Com os dedos agarra
Percorre a guitarra
E ali vê-se o fado.

Dali vos digo que ouvi
A voz que se esmera
Dançando o Faia banal
Cantando a Severa
Aquilo é bairrista
Aquilo é Lisboa
Aquilo é fadista
Aquilo é de artista
E aquilo é Malhoa.

30.03.11

VI NO MASP ARTISTA PORTUGUÊS!


Bete do Intercambiando

Coloquei à pouco no Intercambiando, post sobre nossa viagem ao Masp, em São Paulo!...Encontramos, lá, também, um artista Portugues de Caldas da Rainha, José Vital Branco Malhoa!

 

Consta ter ele nascido em 1855, em Caldas da Rainha, e vindo a falecer em 1933, em Figueiró dos Vinhos, que, aliás, já procurei conhecer e me encantei com esta cidade, simpática e cheia de belezas naturais!

 

Confesso, também não o conhecia, mas amei seu trabalho!

 

O Ateliê do Estuário Simões de Almeida

 

 

 

O Ateliê do Artista

25.03.11

Fados de Coimbra


Belisa Vaio

 

Se ainda estivesse entre nós, meu Tio Manuel Branquinho faria hoje 81 anos.

Tinha o dom de ter uma voz melodiosa e de cantar o Fado de Coimbra como só ele sabia.

Nestes caminhos da Net descobri esta montagem que muito me emociona, pois a voz que serve de fundo é a dele...

Até sempre...Tio Manuel... 

 

21.03.11

Chegou a Primavera


Belisa Vaio

 

Nos dias tão conturbados que tantos irmãos nossos estão vivendo,  a Natureza não deixa de cumprir rituais festivos e solenes e oferece-nos a Primavera, aqui no hemisfério norte!

É um tempo de Renovação e de Esperança! Tudo recomeça a cada ano que passa e sentimos revigorar o nosso corpo e o nosso espírito!

Que cada um de nós se espante e deslumbre com a Beleza da Vida a brotar e florescer e se sinta grato por viver em Harmonia e Paz!

Feliz Primavera!

 

16.03.11

Cabrito com Grelos à moda de Condeixa


Belisa Vaio

Entrámos há dias na Quaresma e, por onde a Fé dos homens ainda se manifesta, começam a realizar-se as Procissões dos Passos...

Por fazer parte das memórias da minha infância, veio-me à lembrança a Procissão dos Passos de Condeixa-a-Nova e toda a tradição envolvente.

E nesse dia, as gentes de Coimbra e arredores invadiam a vila, quer para assistir a acto tão solene, quer para saborear o famoso Cabrito com Grelos, prato de eleição em todas as casas de pasto da época...

Em casa de meus avós o ritual era cumprido várias vezes por ano, e indispensável nesta altura.

Quando já não havia cabritos no curral, compravam-se, em dia de sexta-feira, os que desciam dos lados da serra de Sicó e o senhor João, magarefe de serviço, passava lá por casa para matar o bichinho.

À noite, depois de jantar e de volta da mesa da cozinha iniciáva-se o ritual:

Descascar alhos, pisá-los com sal num almofariz, juntar pingue de preferência caseiro, colorau e pimenta.

Em seguida, envolviam-se os pedaços de carne naquele preparado e dispunham-se numa pingadeira de barro. Assim ficavam até ao sábado à tarde.

Depois do almoço de sábado, o meu avô ia aquecer o forno de lenha, onde depois davam entrada as assadeiras do cabrito e de batatinhas redondinhas e devidamente temperadas. Tudo se ía refrescando com vinho branco até se enalar um delicioso cheiro que não enganava ninguém...

Estava pronto e assim ficava tudo até ao almoço de domingo, em que filhos e netos enchiam a mesa de festa.

Entretanto, e para acompanhar o cabrito assado, não faltavam os grelos de nabo cozidos, de preferência dos amargos, da região de Semide e um delicioso arroz de miúdos!

Tudo tinha um sabor especial...

O nosso país é muito rico em comidas tradicionais...mas estas, de Condeixa, são especiais para mim... 

 

 

 

Cabras brancas

  

09.03.11

A Festa Acabou, mas o Carnaval Continua!


Bete do Intercambiando

Ontem, postamos lá no Intercambiando, mais alguns itens para o entendimento do Carnaval Brasileiro!

Ia parar por ali, embora ainda se tenha muito a contar, mas uma amiga minha aí de Portugal achou interessante a continuidade, para se analisar o Carnaval como um todo.

Os dados abaixo e algumas coisas citadas nestes 4 posts foram consultados no livro "O Enredo da Escola de Samba", de Julio Cesar Farias. Este autor também escreveu Aprendendo Português com Samba Enredo.

Aqui, segue, um organograma do Desfile:

COMISSÃO DE FRENTE:

É o primeiro setor a pé no desfile. Grupo formado por 10 a 15 pessoas, que aparece primeiro para saudar o público e apresentar a Escola aos julgadores.Em geral são impactantes, com fantasias singulares e coreografias arrojadas.

CARRO ABRE ALAS - É o carro que abre caminho para a Escola e apresenta o tema escolhido...Costuma trazer também o símbolo da escola. Nos últimos anos, algumas escolas optaram por colocar entre a Comissão de frente e este carro, um Casal de Mestre Sala e Porta Bandeiras.

ALEGORIAS: São os carros alegóricos que representam partes importantes do enredo, geralmente com grandes esculturas, muito brilho e luzes...Em média 5 alas separam um Carro Alegórico do outro...Este ano, além de tudo isso, pudemos ver também o uso de muita tecnologia nestes carros, como foi o caso da Unidos da Tijuca que, em um de seus carros tinha 30.000 litros de água e um mergulhador que tinha literalmente que passar pela garganta de um Tubarão!

DESTAQUES: São as pessoas com fantasias luxuosas que vem nos carros alegóricos e representam  elementos do Enredo, e tem também os destaques de chão que vem à frente ou no meio de algumas Alas. ( Nesta categoria entram,  as mulheres semi nuas, que, chamam tanto a atenção e fazem parecer que o Carnaval é só aquilo!...Confesso, até hoje, também não sei porque a brasileira gosta tanto de mostrar o corpo)

ALAS:  São os grupos de pessoas que usam o mesmo modelo de fantasia que narram vários itens do enredo e evoluem entre os carros alegóricos...Aqui o carnavalesco fica atento não apenas à função narrativa das fantasias, como também ao conjunto cromático em relação às outras alas.

ALA DAS BAIANAS: Aqui vem algumas das sambistas mais idosas da Escola...Este ano tivemos, na São Clemente uma senhora de 86 anos, rodopiando suas saias imensas nos refrões do samba enredo.

ALA DOS COMPOSITORES: Formada pelos antigos e novos compositores da Escola, em algumas, esta ala vem junto com a da velha guarda., fechando o desfile.

VELHA GUARDA: Traz os sambistas mais antigos da Escola. Os participantes se vestem com elegância e destacam as cores da Escola.

BATERIA: Composta por aproximadamente 300 ritmistas. Eles se organizam pelo tipo de instrumento, que vai de pandeiro, tamborim, agogô, chocalho, cuica, surdo, até baldes e frigideiras de alumínio.

PASSISTAS: grupo formado por homens e mulheres que tem a função de apresentar o Samba no Pé...Em geral são postados frente a Bateria onde podem se exibir com mais garra. ( E o som favorece).

MESTRE SALA E PORTA BANDEIRAS: O casal que conduz o pavilhão com o símbolo da Escola.Eles não sambam, devem ter gestos elegantes e suaves, bailando e rodando pela Avenida.São dois os Casais por Escola, neste quesito.

 

BEIJA FLOR 2010.jpg

Beija Flor 2010 - Carro Destaque

 

BIBLIOGRAFIA

FARIAS, Julio César. O Enredo da Escola de Samba. Litteris Editora Ltda. Rio de Janeiro 2007. 

 

 

 

 

06.03.11

CONTINUANDO O ENTENDIMENTO DO CARNAVAL BRASILEIRO!


Bete do Intercambiando

 

Iniciei, hoje, no Intercambiando, a apresentação  do nosso carnaval, não, como uma sucessão de alegorias e mulheres nuas, mas como o que ele realmente é: A Representatividade de nossa cultura!...Uma Obra artística e cultural, que emprega milhares de pessoas, e movimenta milhões de reais...

 

Lá, falamos do Tema e do Enredo!

 

Aqui segue uma sinopse do Enredo da Primeira Escola a desfilar, hoje, a São Clemente!...Não sei se será a melhor, ou não, mas será a primeira a desfilar, e aos que assistirem, após a leitura desta sinopse ficará mais fácil compreendê-la.

 

Atentem, como o enredo se diversifica e abrange diversas áreas, sem sair de seu contexto

 

NOME DO ENREDO:  Conselho Deliberativo da Criação Divina


"Lá longe e tão perto, eternizado em nossos corações, está Deus. Dada sua condição especial, onipresente e divino, Ele convoca todos os santos, anjos e arcanjos e institui o Conselho Deliberativo da Criação Divina. Transforma-os em incansáveis missionários para construir o mundo dos homens em sete dias. E afirma: - Dos sete, utilizarei dois para criar uma cidade admirável, esculpida pela própria natureza.

Em seguida, chama por São Clemente e São Sebastião e ordena-os:
- Vocês serão responsáveis pela obra desta "cidade única". Descerão da criação divina ao plano material, levando o sopro à vida. Distribuirão mistérios por uma terra abundante de frutos, pássaros e peixes. Belas, igualmente únicas e belas, serão suas paisagens e suas águas cristalinas "azuis como a cor do mar". E ao término do cumprimento de minha ordem divina chamem-na de E Deus fez a Maravilha. Contudo, antes de partirem, o criador de todas as coisas designou os anjos Ariel, Gabriel e Raphael para a tarefa de fiscalizar as obras e a vida na cidade única por Ele planejada.

Rio: um porto desejado!
A Maravilha de Deus é contemplada.
Os fenícios podem ter sido os primeiros que aqui chegaram. Eles vislumbram um "Rio Alado". Algumas inscrições gravadas no alto da Pedra da Gávea permitem fantasiar sobre esta versão indubitavelmente mágica em sintonia com a natureza.

O Rio torna-se alvo irresistível para os navegadores portugueses e franceses, que ávidos da majestosa natureza, travam batalhas por seu valor inestimável.
Deus percebendo a cobiça e o crescente desejo pelo domínio de sua menina dos
olhos promove São Sebastião a santo padroeiro da cidade. Credita-se a São Sebastião, o bem-aventurado, parte do nosso futuro sucesso como cidade. Dada a batalha final, é ele quem surge na visão do consciente imaginário português motivando-o a vencer e expulsar os invasores, fundando-se a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Império Tropical
Vendo através dos olhos dos homens, o nosso divino arquiteto dá condições à vida...
A Família Real desembarca no Rio de Janeiro. É a época da política do "Ponha-se na Rua", nome dado, com senso de humor, pelos cariocas, que se inspiravam nas iniciais "PR", de Príncipe Regente, que eram gravadas na porta das casas requisitadas para os nobres portugueses.

A Divindade transforma-se em uma realidade histórica. É a fonte cristalina das águas do Rio carioca. Suas águas correm, suprem as necessidades de abastecimento e chegam aos homens. Tornam-se as águas do Rio, dos escravos agueiros, dos caminhos dos aquedutos, das mães-d´água: das bicas públicas, dos chafarizes, das casas dos nobres.

Águas que molham o canto das lavadeiras nos riachos e atiçam o imaginário carioca: mulheres que delas bebiam ficavam formosas e os homens recuperavam o vigor físico. Seguindo o caminho das águas do Rio, a sabedoria divina é observada na natureza. Emerge da terra macia e fértil uma deslumbrante floresta urbana. Depois de emitidos os relatórios pelos anjos consultores de Deus, visando garantir a comunhão entre a natureza e a cultura dos seres humanos, conclui-se a Floresta que se denominou Floresta da Tijuca. Não obedecendo à ordem existente, o homem, nela, cultivou o plantio do café. A cafeicultura se espalhou rapidamente por grande parte do Maciço da Tijuca, ocasionando forte desmatamento, o que levou os barões e os senhores do café, os nobres e a crescente população da capital do Império a sentirem a ira de Deus.

Como resposta, atribui aos homens consequências desastrosas como as severas secas que atingiram o Rio de Janeiro, criando um problema periódico de falta d’água para a cidade carioca. Como se não bastasse, o governo imperial foi responsabilizado por um programa emergencial de preservação dos mananciais e do replantio das árvores da Floresta da Tijuca, seguido das desapropriações das fazendas cafeeiras da região.

Em contrapartida, o governo propôs o cultivo de um jardim, com o intuito de estimular a aclimatação e a cultura de especiarias exóticas vindas das Índias Orientais. A fluida terra desse jardim, nomeado, inicialmente, de Real Horto, Real Jardim Botânico e, finalmente, de Jardim Botânico do Rio de Janeiro, semeou-se de novas opções de plantio.

Nele, a mão de obra chinesa foi utilizada para testar a receptividade do solo carioca ao cultivo do chá. Contudo, diante da experiência marcada pelo insucesso, os chineses foram aproveitados para abrir uma via carroçável. Nesta obra, teriam feito seu acampamento onde hoje está localizada a Vista Chinesa, dando origem desta maneira a um dos mais belos mirantes da cidade do Rio.

Modernismo Carioca
São Clemente e São Sebastião, após se reunirem com os anjos fiscais das obras divinas, chegam à conclusão que devem, mesmo sabendo da conformação geográfica da cidade (constituída de elevações, lagoas e pântanos), encaminhar, para a aprovação do Conselho Deliberativo da Criação Divina, o programa urbanístico do engenheiro e prefeito Pereira Passos, que visa transformar a antiga cidade imperial em uma metrópole cosmopolita.

Sob esta ação, inicia-se no centro carioca uma grande intervenção. Em pouco tempo as picaretas do progresso abrem à cidade as vias da modernidade. Construção de grandes e largas avenidas, de praças e jardins; revitalização do cais do porto e arborização da Avenida Beira-Mar.

Entre planos estratégicos, riscos e traços, o Rio civiliza-se e é "rebatizado" de Cidade Maravilhosa. Conta-se, inclusive, que nessa época, Deus para proteger os seres aterrados, nomeou São Jorge como General da Guanabara. E salve Jorge!

Os princípios do projetar moderno, contudo, somente são aplicados nas décadas
seguintes pelo estudo urbanístico do arquiteto Alfred Agache e dos projetos do
arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx que, entre outros, assina o projeto paisagístico do Parque do Flamengo.

Nesse contexto de grandes transformações, os belos cenários urbanos projetados e ordenados pelos novos meios técnicos do homem conjugam harmoniosamente as paisagens do Rio, possibilitando uma gestão cultural à altura do que a cidade única idealizada por Deus merece.

 

Continua, falando da música, e tem o samba enredo, aos que se interessarem segue em http://www.saoclemente.com.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&id=12&Itemid=14

Agora, tudo isso transformado em Carnaval, no Sambódromo