Os que me conhecem sabem que gosto de escrever, apenas sobre coisas leves, positivas, e que possam dar um minutinho de alegria a quem lê.
Contudo, a vida não é feita apenas destes momentos, e, saber encarar as tristezas que aparecem, também é qualidade de vida.
Hoje, encontrei este texto no Uol, sobre a terapia do Luto, e Cissa Guimarães, renomada artista brasileira que teve à pouco tempo, uma perda terrível, relata sua experiência:
A terapia do luto foi fundamental para que eu conseguisse
sobreviver à maior dor de um ser humano", diz a atriz Cissa Guimarães, em
entrevista exclusiva ao UOL Comportamento, se referindo ao filho Rafael
Mascarenhas, que morreu atropelado aos 18 anos, em julho de 2010.
"Consegui isso com a ajuda terapêutica de Adriana Thomaz. Com ela, entendi
melhor a morte, como fazer a conexão com o amor do meu filho e como reaprender
a viver."
A terapeuta Adriana Thomaz define a terapia do luto como o cuidado oferecido a uma pessoa que
sofreu uma perda significativa. "O luto é uma fase de transição. Essa
terapia, portanto, é uma abordagem comportamental, breve e focal, centrada na
pessoa e que dá novo significado à sua vida”, explica ela , que é médica,
trabalha na área há mais de dez anos e é a profissional que cuida de Cissa.
Quando iniciada logo após à morte, a terapia do luto é,
também, um tipo de aconselhamento para as tarefas básicas, como tomar a decisão
de ir ou não ao velório, de ver ou não o corpo, levar as crianças ao enterro (e
o que dizer a elas), se será positivo participar de rituais religiosos, voltar
ou não para casa e o que fazer com os pertences do ente querido...
"A terapia facilita o reconhecimento dessas tarefas, que não podem ser evitadas ou
apressadas, permitindo que o enlutado se organize para elaborar a perda, assim
como estabeleça sua rede de apoio e busque sua espiritualidade -religiosa ou
não”. Além desse acompanhamento inicial, consultas auxiliam a enxergar a
realidade e encarar a vida.
Adriana passou a atender Cissa Guimarães cerca de três dias
após a morte de Rafael. "Em primeiro lugar, tive que detectar os
instrumentos que eram mais importantes para ela, que a faziam continuar a ter
vontade de viver. Percebi que o trabalho como atriz era vital, assim como o
carinho do público", conta a especialista. "Cada caso é um caso, mas,
no geral, a abordagem é procurar o que dá sentido àquela vida e tentar reerguer
a pessoa", explica.
Cissa Guimarães diz que acha que esse tipo de acompanhamento é de extrema importância para quem
passa por perdas graves. "Nosso mundo ocidental lida muito mal com a
morte. Precisamos aprender a aceitá-la e transmutar esta dor em força. E é
exatamente isso que a terapia do luto nos ensina."
O empresário carioca Fernando Malheiros, de 71 anos, conta
que sua mulher, Vera, faleceu em 25 de julho de 2009, depois de 43 anos de
casamento. “Eu iniciei o tratamento depois de um ano da perda da minha mulher e
posso afirmar que, em três meses de terapia, me tornei outra pessoa. Acho que
todos que passam por um trauma como esse deveriam procurar uma ajuda do tipo.
Em vez de sofrer a ausência da Vera, passei a sentir sua presença constante e é
isso que me fortalece."
Sem medo
Segundo Adriana, uma das vantagens da terapia do luto é que
o paciente tem um espaço seguro para expressar sua tristeza, sua revolta ou
qualquer tipo de sentimento e pensamento sobre a morte, sem receios. O paciente
pode chorar, se abrir, deixar de lado o medo de desestruturar os familiares,
magoar entes queridos, assustar os filhos e não se preocupa se deve ou não
demonstrar suas fraquezas.
"A terapia reassegura ao enlutado que ele não está
ficando louco por estar experimentando sentimentos novos, desconhecidos e até
contraditórios", resume Adriana, que exemplifica: "Uma viúva que
perde o marido, que apresentava demência há anos, fica confusa por se sentir
aliviada com sua morte, apesar de profundamente triste". E ela conclui
que, no processo, há a preocupação em explicar que cada um tem sua maneira de
expressar o luto e não existe certo e errado.
O tratamento
Um paciente da terapia do luto precisa de acompanhamento que varia, geralmente, de três a seis
meses. No início do tratamento, o indicado é visitar o profissional duas vezes
por semana. Conforme o progresso do paciente, as sessões se tornam semanais e,
posteriormente, quinzenais -até que o paciente receba alta. De acordo com a
terapeuta Adriana Thomaz, ainda existem poucos especialistas em luto no Brasil
(e a maioria atua na capital paulista). Quem sofreu uma perda pode recorrer a
outros especialistas. Adriana orienta, porém, que é importante esclarecer o
objetivo do tratamento ao médico ou psicólogo e perguntar se ele está apto para
fazer esse tipo de acompanhamento.